Enfim eu consegui. Refiro-me ao meu sorriso. Depois de tanto tempo, desacreditava que esse dia chegaria. Desde que conheci você, desde que nos envolvemos, criei uma outra realidade bem distante dessa de agora. Nossos planos, eu me lembro bem, era basicamente sobre o “nosso futuro”, sobre o que queríamos “construir juntos”. Que tola eu, a que ponto eu cheguei… Caí na mesma armadilha da última vez sem ao menos desconfiar. Quando me lembro de tudo, sinto um ódio da minha ingenuidade, mas uma saudade de tudo aquilo que chega até a doer. Sabe de uns tempos pra cá eu achei que tinha superado tudo isso, pena que havia me enganado. As lembranças estão adormecidas, e queria poder acordá-las e avisar que era só mais uma nossa briguinha, como seria mais fácil. Pena que não pode ser assim, pena que o esquecimento já bateu a sua porta. Queria que você estivesse se sentindo assim como eu, atordoada pela saudade, dolorida por fora e por dentro. Estou frágil, evitando sair na rua para não me encontrar contigo e causar uma dor maior. Semana passada fiz a tolice de sair de casa para tentar te esquecer, quando me deparo com você com seus amigos, se soubesse o quanto aquilo acabou comigo. Eu pude ver que já estás bem melhor, sorri com facilidade e acha graça de tudo. Parece que não sentes dor, e que o que aconteceu entre “nós” foi só acaso da sua vida, um passatempo. É muito difícil passar por essa situação sozinha, quando na verdade tínhamos que enfrentar juntos todas as dificuldades. É complicado colocar em palavras o que sinto, é complicado expor isso tudo que guardo. Se depender de mim você nunca saberá, nunca sequer imaginará todo esse sofrimento, olha que sei disfarçar muito bem. Enfim, eu consegui sorrir, eu conseguir dar um passo a adiante depois de tanto tempo parada no mesmo lugar. Foi só uma superação, porque acho que a solução desse problemas está perdida, acho que não tem uma recuperação por completo, apenas um remédio temporário para acalmar a fúria que anda trastornando-me.